NATUREZA DARWINIANA, DOMESTICAÇÃO CIENTÍFICA E PENSAMENTO MODERNO
Palavras-chave:
Domesticação, ambiente evolucionário, recintos laboratoriais, ontogênese das formas orgânicas, epistemologia moderna.Resumo
O artigo argumenta que a atividade domesticadora e laboratorista de um Darwin criador de animais e cultivador de plantas, um aspecto raramente considerado do conhecido cientista viajante do Beagle, revela-se central à noção de natureza que o autor lega à imaginação, científica ou não, da modernidade. Trata-se de notar a continuidade e articulação entre os ambientes laboratoriais de recinto (plano da ação prática) e a noção de ambiente evolucionário (plano da cosmologia). Em outras palavras, perceber correspondências entre as práticas científicas de domesticação e a cosmologia que lhes dá suporte a partir das noções evolucionárias de espaço e tempo. Ou ainda, situar a potência da domesticação nos recintos científicos – o que fazem, o que permitem, o que proíbem. Para tal, parte substancial da obra de Darwin é revisada sob a luz dos science studies, capitaneados sobretudo por Bruno Latour e Isabelle Stengers, cujo princípio de simetria permite recusar a partição ontológica e epistemológica do mundo em termos de social e natural, objeto e sujeito, em favor do trânsito entre agentes que se constituem nas relações. Assim, podemos recuperar a produtividade do pensamento de Charles Darwin para as ciências sociais contemporâneas, sem com isso restaurar a guerra entre naturalismo e construtivismo, entre nature e nurture.Downloads
Publicado
2011-09-28
Edição
Seção
Dossiê